"voar, Nas asas do pensamento
no ar, Captando sentimento
de amar, Transcrever a simplicidade

de flutuar, vivendo com a verdade"

domingo, 29 de janeiro de 2012

Tudo passa. Nada fica.




Tudo passa, nada fica. Era assim que pensava há um tempo, mas o número cada vez mais crescente de experiências vividas (acredite: elas aumentam com a idade!) me fizeram perceber que isso não passa de pura mentira, se é que existe mentira “pura”.
Pois bem, como diria o “grandioso” Nelson Ned: Tudo passa, Tudo paaassará...  Mas muita coisa fica e ficará! Com o passar do tempo todas as emoções do momento que ficou para trás passam junto a cada segundo, mas isso não significa que elas devem ou serão esquecidas. Algumas emoções marcam mais que outras e aquelas que deveras riscam o nosso coração não é deletada apenas por que os ponteiros do relógio já não estão no mesmo lugar de quando tudo aconteceu. Boa parte não é esquecida por ter sido agradável viver tal instante, outras que poderiam ter seu risco apagado por uma “borracha”, não foram por que por mais doloroso que tenha sido, serviu para fortalecer.
A sensação de segurança quando ao iniciar a caminhar, ao dar o terceiro passo, pensa que seu futuro é o chão e é surpreendido pelos braços da mãe te acolhendo sem permitir que se machuque;
A primeira moeda da mesada;
A primeira pedalada na bicicleta sem rodinhas sabendo que a qualquer momento seu pai vai te soltar e todo o equilíbrio dependerá só de você;
O coração estremecendo todo seu corpo ao dar o primeiro beijo em quem você acredita que será o seu primeiro e único amor;
O primeiro dia das férias;
A saudade da galera do fundão da sala de aula;
O frio na barriga ao entregar o boletim aos pais;
O desespero da primeira de muitas lágrimas derramadas com a ilusão no amor;
A decepcionante e mais esperada mudança da infância para a adolescência e a sensação de potência que essa fase carrega;
Mais uma lágrima derramada por mais um romance que não deu certo, só que, desta vez, com menos desespero;
O ouvido e abraço amigo quando tudo que se necessita é do ouvido e um abraço amigo;
A esperança que há numa troca de olhar ou num sorriso;
A alegria das melhores risadas acompanhadas;
A experiência adquirida ao viver cada momento desse, crescer, olhar para trás e perceber o quanto foi bobo no passado quando achava que já sabia de tudo e, agora, a única certeza que se tem é a de que não sabe quase nada e, provavelmente, por mais que se esforce, daqui a cinco anos, quando rebobinar a fita, perceberá que pouca coisa mudou e ainda continua sabendo bem pouco da vida, mas uma coisa é certa: algumas experiências você viveu e não importa como passou por elas, o importante é que você passou e sobreviveu!
Tudo passa, mas muita coisa deixa sua assinatura gravada nas memórias mais finas e frágeis do nosso coração que, milagrosamente, é um órgão arquivista nos permitindo sentir aquilo que sentíamos no momento exato em que cada sentimento aflorou e cada ato foi encenado no palco da vida real. O único capaz de nos permitir crescer vivendo e sentindo cada nova emoção como se fosse tudo tão desconhecido e conhecido ao mesmo tempo.

Tudo passa e muito fica!

                                                                                                                                      Luilla Brito